August 10, 2007

Um mail que adorei

Do P., em resposta a um mail meu em que dizia que me vai dar pena chegar ao fim da tradução.

"Não lamentes chegar ao fim porque vai te saber bem sentir as costas aliviadas de tal peso.

De qualquer modo, acabar "trabalhos de Hércules" só é mau se deixarmos que nos cortem o cabelo porque equivale a ficar sem forças para o que vier a seguir. Podes crer, aliás já o sabes seguramente, que trabalhos de Hércules não nos faltam pela vida fora, tal como não faltam os trabalhos de "caca".

Mas o que é que havemos de fazer? Os católicos dizem que "temos que carregar com a nossa (deles) cruz.".
Eu prefiro talvez: "vamos andando que para a frente é que é caminho!"
Ou dum poema espanhol, algo assim, " Caminero no hay camiño. El camiño se hace al andar "

Obstáculos? Claro que surjem! Tinha alguma graça se assim não fôsse? "

E a minha resposta, em linha, aliás, com uma conversa que tive ontem à tarde com uma colega:

"Não lamento. Mas é como com aqueles livros enormes que adoras e, ao chegar ao fim, há um certo vazio... e agora?
Acho que nos acontece sempre com os trabalhos de Hércules - duros, longos, com desafios, mas que nos fazem crescer e conhecermo-nos melhor. E deixam saudades também do bocadinho de gente que em nós se formou durante aquele espaço de tempo.
Eu gosto mais de 'Cada um só tem o que merece', bem português e na linha das filosofias que falam de karma. Diz o mesmo e acho menos 'coitadinho'.


Exacto. E de obstáculos também se faz o caminho, senão aborrecíamo-nos."

Se encontrarem, leiam o livro - pequenino e lindo - de Krishnamurti, que se chama precisamente 'O Caminho' (edição Ulmeiro ou outra), o caminho é na verdade o caminhante e o que este faz da vida.
Tenho um exemplar, oferta da F. há muito tempo, mas que está de momento emprestado a C.

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